O câncer de bexiga é o 2º tumor mais frequente no trato urinário. Ocorre mais no sexo masculino, na proporção de 4 homens para cada mulher, e após os 60 anos em geral. O cigarro é o principal fator de risco e está associado a 50% dos casos. Dos casos restantes, 10% estão associados a fatores ocupacionais, principalmente à exposição de derivados do petróleo. A radioterapia e o uso de ciclofosfamida (quimioterápico) são responsáveis por alguns casos também.
O sintoma inicial é o sangramento indolor na urina que ocorre em 75% dos pacientes. Entretanto, dor ao urinar e aumento na frequência urinária podem ser os únicos indícios do câncer vesical, confundindo o diagnóstico com infecção urinária ou sintomas prostáticos.
Os exames que devem ser solicitados são de urina tipo I e cultura, citologia oncótica (para ver se há células malignas na urina) e exame de imagem (USG ou TC). A cistoscopia confirma o diagnóstico e serve para acompanhamento do paciente. A possibilidade de se encontrar tumor no trato urinário superior (rim e ureter) em casos de neoplasia vesical situa-se em torno de 1 a 4% e deve ser investigada.
Logo ao diagnóstico, aproximadamente 70% dos pacientes possuem doença restrita a mucosa ou submucosa da bexiga. O restante apresenta invasão do músculo da bexiga e já apresenta capacidade de disseminação à distância (metástases).
Os tumores da bexiga são tratados com ressecção transuretral da lesão (RTU). Esse tipo de tratamento é realizado através da passagem de um aparelho pela uretra até a bexiga, onde o tumor é ressecado (raspado) até sua base de forma completa. É suficiente para tratar aqueles 70% dos pacientes cujo tumor ainda não atingiu o músculo. Uma parcela desses pacientes ainda deve receber instilação de BCG dentro da bexiga. Esse tratamento imunoterápico (popularmente chamado de “vacina”) evita a recorrência do tumor em até 25 a 30%.
Nos pacientes com doença que chegou ao músculo da bexiga ou que apresentam recorrência, a cistectomia radical, que consiste na retirada da bexiga, próstata (nos homens) e linfonodos (glânglios), está indicada. Esta é uma cirurgia de grande porte, reservada para os casos de maior gravidade. O sistema urinário do paciente é reconstruído basicamente de duas formas: conduto ileal incontinente a Bricker (estomia por onde sai a urina que é coletada em uma bolsa no abdome do paciente) ou neobexiga (nova bexiga possibilitando ao paciente urinar pela uretra como antes da cirurgia). A cistectomia é um procedimento altamente complexo e deve ser realizado por cirurgiões com experiência. Sabe-se que o número de cirurgias deste tipo que o cirurgião realiza por ano tem implicação direta no resultado para o paciente.
Naqueles pacientes que se negam ao tratamento padrão com cistectomia, pode-se oferecer a alternativa de radioterapia (RDT) mais quimioterapia (QT). Após a realização da RTU completa da lesão vesical o esquema com RDT + QT pode curar até 50% dos pacientes. Entretanto, uma parcela desses pacientes ainda irá necessitar de cistectomia de resgate no futuro.