Responsável Técnico: Dr. Luiz Carlos Pedroso - CRM 4771 - RQE 3088

Câncer de Próstata

A idade média do diagnóstico do câncer de próstata (CAP) é de 72 a 74 anos. É o câncer mais comum nos homens e após o câncer de pulmão é o câncer que mais mata homens no Brasil. As evidências apontam para um caráter genético e familiar relevantes. O homem com o pai ou um irmão afetado pela doença apresenta o dobro de chance de desenvolver CAP; e se um deles tiver menos de 60 anos a chance de desenvolver o câncer é o triplo de uma pessoa sem parentes afetados.
O rastreamento para CAP deve ser iniciado aos 40 anos de idade após uma ampla discussão com o paciente sobre seus benefícios e prejuízos, devendo ser repetido anualmente. É realizado através de história clínica, exame digital da próstata (exame de toque) e medida do PSA. Atualmente não existe um valor de PSA acima do qual se deve realizar a biópsia de próstata. Na verdade, a Sociedade Americada de Urologia (AUA) recomenda a biópsia baseada em múltiplos fatores como o exame digital da próstata, o valor do PSA, a relação do PSA livre sobre o total, a idade do paciente, a velocidade do PSA, a densidade do PSA, a história familiar e a etnia.
Naqueles pacientes diagnosticados com CAP procede-se ao estadiamento completo que inclui o exame digital da próstata, cintilografia óssea, tomografia ou ressonância de pelve e radiografia de tórax. Os principais fatores prognósticos para CAP são o grau de Gleason (fornecido pela biópsia e que se refere ao grau de diferenciação do tumor – varia de 2 a 10 e quanto maior, pior o prognóstico), o PSA pré-tratamento, o exame digital da próstata (se há nódulos ou tumor saindo da próstata), e o resultado dos exames complementares que demonstram se o tumor encontra-se restrito a próstata ou com disseminação linfonodal ou à distância.
Naqueles pacientes com doença localizada e com exames demonstrando bom prognóstico (PSA <10, Gleason < 7, menos de 3 fragmentos comprometidos na biópsia) pode-se oferecer apenas a vigilância ativa. Esta opção consiste no acompanhamento do paciente com história, exame físico, exames de PSA seriados e repetição de biópsia sem necessidade de tratamento imediato. O tratamento fica reservado para aqueles pacientes que apresentarem evolução da doença durante o acompanhamento. Para aqueles pacientes com doença de pior prognóstico ou que desejam um tratamento ativo, as seguintes opções apresentam bom resultado: prostatectomia radical ou radioterapia da próstata.
Já a base terapêutica do tratamento do CAP avançado é o bloqueio hormonal. É sabido que as células do CAP possuem receptores para andrógenos e o seu bloqueio reduz o PSA e a doença mensurável. Entre os tratamentos disponíveis temos a castração cirúrgica, realizada através da orquiectomia e a castração química, que utiliza análogos do LH-RH, estrógenos ou antiandrogênicos periféricos. Atualmente, há ainda uma terceira linha de tratamento com uma droga potente e eficaz chamada Abiraterona. Ela age também no bloqueio hormonal, além dos alvos moleculares que as drogas anteriores não foram capaz de atingir.
Por fim, vale a pena comentar sobre a prevenção do câncer de próstata que atualmente vem sendo debatida. Dois estudos mostraram que o uso dos inibidores da 5-alfa-redutase (finasterida e dutasterida) reduziram o número de casos de CAP nos pacientes. Obviamente, esses estudos foram financiados pelas respectivas indústrias farmacêuticas e o uso dessas medicações acarretou alguns efeitos colaterais indesejáveis. Além disso, com a finasterida houve aumento das formas graves do CAP, o que levou muitos urologistas não prescreverem a droga para prevenção do câncer. De qualquer forma, parece estarmos caminhando para o descobrimento de uma droga capaz de reduzir os casos de câncer de próstata.