O câncer de pênis constitui neoplasia cuja ocorrência associa-se intimamente com a situação sócio-econômica da população atingida. Nos Estados Unidos, em 2001, sua incidência variou em torno de 0,9/100.000 homens/ano. No Brasil, estima-se que este número atinja 2,3/100.000 homens/ano, representando cerca de 2% do total das neoplasias do homem. Entretanto, quando separada por regiões, esta doença torna-se cinco vezes mais comum nas regiões norte e nordeste em relação às regiões sul e sudeste. Nas regiões de maior prevalência, os tumores de pênis chegam a superar as neoplasias da bexiga.
Estes tumores acometem quase sempre pacientes não-circuncisados e de hábitos higiênicos precários e, por isto, é mais frequente em indivíduos de baixa renda e menor nível social. Outro fator de risco é a infecção pelo HPV (“human papiloma vírus”). Trinta a 60% dos pacientes acometidos pelo câncer apresentam co-infecção dos subtipos 16 e 18 do HPV na lesão peniana. Estes subtipos do HPV são sabidamente oncogênicos e fortemente ligados ao câncer de colo uterino nas mulheres. Outras lesões cutâneas como Eritroplasia de Queirat, Doença de Bowen e Balanite Xerótica são condições que podem evoluir para o câncer de pênis.
A cura dos pacientes com câncer de pênis está ligada à detecção e tratamento precoce. A sobrevida em 5 anos alcança 80% na doença localizada, 52% quando há extensão regional e 18% apenas na doença metastática. Em face destes dados, a detecção e o tratamento precoce exigem educação para a população masculina, bem como um sistema de saúde especialmente voltado para o atendimento destes pacientes.
O tratamento padrão da doença local é a amputação parcial ou total do pênis. Atualmente, para doenças em estágio inicial, pode ser tentado procedimentos que preservam o pênis como a crioterapia, cirurgia de MOHS, laserterapia ou eventualmente cirurgias menores com reconstrução pela cirurgia plástica. Os linfonodos são tratados com a retirada daqueles localizados na região inguinal. Entretanto, este tipo de procedimento acarreta até 50% de complicações para os pacientes. Atualmente, é possível realizar também apenas a retirada do linfonodo sentinela para diagnóstico e, só depois, realizar a cirugia completa caso este esteja acometido. Este tipo de procedimento apresenta a vantagem de ser seguro, ter baixo índice de complicações e ser preciso na detecção de metástases ganglionares. Entretanto, é caro e exige uma equipe bem treinada para a sua realização.